Pequena,
A saudade voltou hoje para mim. Foi tão cansativo que eu estou exausto. E fazia tempos sem lembrar. Agora a pouco quase ouvi seu riso. Quis rir junto, mas só tinha silêncio.
Fui à Rua das Castanheiras e parei em frente ao portão.
De todas as besteiras que já fiz, a covardia daquele dia foi a pior. A gente podia fazer tão rápido, nunca na minha vida foi tão fácil ser feliz. Mas eu não te pedi - naquela tarde- pra ficar. Não dissemos adeus, e não sei o que fazer disso.
Com tudo de amor, rosas e estrelas,
Abimael Oliveira
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
15:10
Hoje eu quero,
eu quero tudo eu quero muito
eu quero o mundo.
O monstro da poesia
está de volta a seu covil.
Agora o vazio não vai embora
mas também vou dizer coisas do vazio,
vou dizer coisa demais
porque a poesia voltou pra casa
e agora as palavras vão ter sua festa
Abimael Oliveira
eu quero tudo eu quero muito
eu quero o mundo.
O monstro da poesia
está de volta a seu covil.
Agora o vazio não vai embora
mas também vou dizer coisas do vazio,
vou dizer coisa demais
porque a poesia voltou pra casa
e agora as palavras vão ter sua festa
Abimael Oliveira
terça-feira, 29 de maio de 2012
11:57
Eram dias a versos soltos,
e via-se a beleza nas formas dela
Na sua companhia outro turista
E quem canta amor já não pode
com seu nome versear.
Forma de meu coração,
velho de meus versos, nunca houve
rima em nossa morada.
Abimael Oliveira
e via-se a beleza nas formas dela
Na sua companhia outro turista
E quem canta amor já não pode
com seu nome versear.
Forma de meu coração,
velho de meus versos, nunca houve
rima em nossa morada.
Abimael Oliveira
sexta-feira, 18 de maio de 2012
13:16
A margarida nasceu no horizonte, afugentando as violetas,
ventavam as janelas numa luz cheirosa
quando eu fui-me embora pra Noronha.
Deixei espelhos gentis, copos engraçados e muitas gentes,
mas levei a margarida nas costas porque não gosto de violetas
No caminho eu dormi onde nem se devia sentar
e gastei muito tempo em pequenas bobagens divertidas
Em Noronha encontrei só a saudade do caminho.
Aí eu voltei e fiquei no meio do caminho
Abimael Oliveira
quando eu fui-me embora pra Noronha.
Deixei espelhos gentis, copos engraçados e muitas gentes,
mas levei a margarida nas costas porque não gosto de violetas
No caminho eu dormi onde nem se devia sentar
e gastei muito tempo em pequenas bobagens divertidas
Em Noronha encontrei só a saudade do caminho.
Aí eu voltei e fiquei no meio do caminho
Abimael Oliveira
quarta-feira, 16 de maio de 2012
12:43
(Slava Polunin)
Devia chorar
Queria chorar
Onde aquilo que era belo se deixava
contemplar,
Refervem sombras ocultando mesmo a dor
de agora.
A cotovia de meu peito faz dueto com o
corvo
Cantam odes às paragens de outrora
Meus ouvidos sorvem tanta tristeza em
suas notas
Quanto amor havia noutros lábios
Devia chorar
Queria chorar
Já não sei quando as folhas deixaram de
ser teus cabelos
Quando cada doce flor não foi teu hálito
Cada raio de sol não for teus olhos
Devorando astros, reduzindo minhas
estrelas a pó
Foi num desses cantos em que o tempo se
deita
E observa a ruína das coisas.
(Slava Polunin)
Devia chorar
Queria chorar
Vou aguardar o réquiem do meu amor
As lágrimas que decidam se fugirão dos
olhos
Não é minha a verdade de amar ou desejar
tudo isso
Meu coração é um objeto que ficou num só
lugar muito tempo
E virou uma outra coisa a não servir-me
Abimael Oliveira
terça-feira, 1 de maio de 2012
14:01
O vôou
Quero ela feliz, animada
Sinta todos os sentimentos.
Viva todas as vidas, morra todas as
mortes.
Prove todos os doces e etceteras
Brigue com um termófilo.
Vai gente-inha, abra três caixolas,
Veves pegar 17 sacolas e um sapato sem
sola.
A vela assoprará e isso vai inflar,
Ela vai subir e girosapotear por lá.
Dá-me um abraço minha garota,
Somos
Legal demais pra merecer isso
Jamais te permito que sejas real.
Abimael Oliveira
terça-feira, 6 de março de 2012
18:05
Há um tempo que anda diferente dos outros tempos.
Lá, a distância entre a lágrima e o sorriso é o esquecimento.
O passado é um monstro lindo,
a observar apático a morte dos dias,
e sua ressurreição na memória.
Abimael Oliveira
Lá, a distância entre a lágrima e o sorriso é o esquecimento.
O passado é um monstro lindo,
a observar apático a morte dos dias,
e sua ressurreição na memória.
Abimael Oliveira
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Não me lembro nunca do que é importante.
Estão a debater-se em minha cabeça assuntos de tal futilidade que assustaria alguns tolos.
E apesar de reconhecer a futilidade nesses pensamentos, não os consigo evitar.
E os deixo tornar a debater-se e argumentarem entre si, após minha inútil intervenção
- Abimael Oliveira
Estão a debater-se em minha cabeça assuntos de tal futilidade que assustaria alguns tolos.
E apesar de reconhecer a futilidade nesses pensamentos, não os consigo evitar.
E os deixo tornar a debater-se e argumentarem entre si, após minha inútil intervenção
- Abimael Oliveira
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
17:30
(fotografia: Piotr Kowalik)
Chegou meu fim, vejam como é.
Veio algo que não sei o que é, ou o que quer,
me mostrou bonito em todas as línguas,
até as que não se usa, por falta de deferência;
flor de meu ventre, disseste onde pôr a luz
e tu mesma era a luz.
Oh! amiga, amante, volátil e morno é teu sangue,
quando à brisa se espalha sobre um labirinto branco.
Mãe de Eurípedes! Cede um buquê de palavra
por uma margarida de loucura.
Ai, minha insanidade não te basta?
Permite que minha coerência acaricie esta coisa,
só para que depois meu esquecimento me digira.
Minhas mãos tremem e a caneta fez borrões,
ofendeu a realeza da língua portuguesa.
Peço que não pesem esse desassossego de letrinhas
tão boazinhas, por que pra mim também foi um susto:
Eu mesmo era a palavra que escrevi
Abimael Oliveira
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
00:16h
O sol ia arranhar a penumbra, mas não ia ousar te acordar se você dormisse sorrindo.
- Abimael Oliveira
P.S.: E quer saber? O que fode com tudo é que o dia virá e não vai acabar com a noite, ainda vai haver o fim de tudo em cada sombra; o amor que te convence da natureza divina de alguém é tão inocente quando um Deus jogando dados.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Oito vezes te amei
Oito noites seguidas de chuva fina
Meu semblante teve seu dilúvio.
E tudo que vivia em mim, florestas,
pastos, restingas e tudo que já
de morrer se ficar muitos dias na água
sem comer, morreu. Um naufrágio que sepultou minha criação.
Ficou estéreo a superfície de mim.
Mas depois de muito pescar e estar há
enojado de frutos de mar, lancei âncora.
Soltei quatro passarinhos: joão-de-barro,
coleiro, pardal e anum.
João-de-barro porque tinha pena de bicho tão bonito morrer na gaiola.
Coleiro eu soltei pra ele fazer o mundo ter um barulho mais bonito,
pra os astros terem vontade de amanhecer-anoitecer
e pra a terra ter vontade de fazer fio-de-lama.
Pardal é mais uma coisa,
uma criatura que fica no lugar do que já morreu.
- Abimael Oliveira
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Jardim em chamas
fotografia: João Marcos Rosa
Caminhava no jardim, procurando Artemis
subia degraus coloridos, feitos de caules inda vivos,
ouvia a respiração das flores esbaforidas.
Atravessei rápido, a trilha de seu caminho de perdia
entre gira-sóis escandalosos.
De súbito a luz. Depois o calor. Havia fogo ali.
O fogo cobria de injúrias as pobres flores,
escorregando entre pedras, rude e confuso.
E tu estavas lá, brincando com a chama de uma tocha.
- Abimael Oliveira
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Eu sou o mar
Um dia perguntei pra minha mãe porque a gente chora. Ela disse:
- Cada pessoa tem um mar por dentro, que vaza com as marés da vida.
Não pude deixar de rir, apesar do respeito à mãe:
- E como o mar cabe na gente? E quem não chora, é seco?
- Não sei como, mas é bem verdade, há gente árida como desertos por dentro.
Hoje eu aprendi, haja mar pra tanto deserto.
Há quem diga que chorar não é coisa de homem, mas eu não sou homem. Eu sou o mar.
- Abimael Oliveira
- Cada pessoa tem um mar por dentro, que vaza com as marés da vida.
Não pude deixar de rir, apesar do respeito à mãe:
- E como o mar cabe na gente? E quem não chora, é seco?
- Não sei como, mas é bem verdade, há gente árida como desertos por dentro.
Hoje eu aprendi, haja mar pra tanto deserto.
Há quem diga que chorar não é coisa de homem, mas eu não sou homem. Eu sou o mar.
- Abimael Oliveira
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Galhos secos
escultura: Bruno Torfs
Brisa suave, música de folhas,
Sopro de vida, vidro de galhos.
Sussurro de gemido entre
Árvores vivas por círculos
de flores como que cristais,
e mais cores num sorriso verde.
Guinchando, trincam aos passos
Quem vem entre palmeiras
verdes galopeiras, esmigalhar meu peito?
Tu gritas, pelo outono, pra que
meus sentimentos mais belos e eternos
sequem, caiam, violentando o extraordinário.
Deixando cinza o mundo todo,
Quebrando ao passo dos meus dias
Tudo que é frágil e belo!
- Abimael Oliveira
sábado, 28 de janeiro de 2012
Amor
Trata-se de uma ilusão voluptuosa aquela que faz o homem crer que encontrará
prazer maior nos braços de uma mulher, cuja beleza corresponde aos seus anseios, do
que nos braços de outra, ou até mesmo aquela que o convence firmemente — se
endereçada exclusivamente a um único indivíduo — de que possuir tal mulher lhe
proporcionará uma felicidade efusiva.
Se olharmos [...] dentro do turbilhão da vida, perceberemos todos ocupados em
sanar a miséria e o flagelo que os atingem, empregando todas as suas forças para
satisfazer as ilimitadas necessidades e evitar toda sorte de sofrimento, sem contudo
poder esperar outra coisa além da preservação dessa existência atormentada e
individual durante um curto período. No entanto, no meio desse tumulto, vemos os
olhares de dois apaixonados se encontrarem ansiosos: mas por que será que parecem
tão secretos, temerosos e furtivos? Porque esses apaixonados são os traidores que, às
escondidas, visam perpetuar toda a miséria e os esforços que, do contrário, logo
alcançariam um fim; um fim que querem impedir do mesmo modo como seus
semelhantes o impediram anteriormente.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de insultar. Pág. 14
Arte por arte
Vai-se uma pomba,
De pomba são-se os pombais.
Vai-se uma rosa,
De rosas vão-se as rosetas.
Vai-se uma boca,
De bocas vão-se as...
-Os beijos ora!Os beijos!
Maldita poética.
- Abimael Oliveira
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
O último sonho
fotografia: Piotr Kowalik
Foi um sonho,
Desde o começo sabia disso.
Era sonho ou loucura.
Foi bom também, lembro de rir,
Ficar ansioso e excitado.
Havia cores, e meus sonhos são cinzas.
Sentia o chão úmido e cheiro
De grama cortada, vento forte,
Cata-vento,mangaba,
Brinquedos e piadas, pessoas,
Origamis, vôos e animais fantásticos,
Seres incríveis. Fogos de artifício que pulavam dos gritos,
doces que se multiplicavam dos risos.
Era feliz a criação, era feliz eu.
Aí,a onda lançou meu cadáver em Copacabana.
- Abimael Oliveira
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
Oficio
fotografia: Sebastião Salgado
Meu Deus, meu Deus por que te abandonei?Porque desde menino me fascinam as trevas?
Que direito ou privilégio
Tiveram estes e não eu?
Sei muito de justiça,
Mas arre!
Quando me tenta a terra
Meus joelhos tremem.
Eu, logo eu que só fito os Andes.
Onde há sob tudo dos céus
Lugar para mim?
Onde está minha glória?
Esta fera que me consome
Será contra mim em meu júri
Que não há maior carrasco
Se não a honra do homem
Seu algoz e defesa.
Eu que tanto conheço da Luz
Clamo aos santos em meu redor.
Que santos?- respondem todos
-Tu és santo!
Eu, logo eu que só fito os Andes.
fotografia: Mitchell Kanashkevich
Quisera, quisera e mesmo
No íntimo quisera que errar
Não o fosse de todo o pecar.
Rima, rima pobre rima
Mais pobre é meu coração.
Onde está minha honra?
Ainda está amigo, sob minhas patas
-Carrega teu julgo condenado.
Sem fé em quem me acuda:
De bom grado, de bom grado.
Eu, logo eu que só fito os Andes.
Em chegando ao máximo
Já não posso suster toda ruína
Como se dos picos fosse ainda acima.
Meretriz de sacrilégios
Tem sido esse caminho
De minha boca cuspo rosas.
Aqui há perigo.
Se de mim saem rosas
É que no introspecto há morte
E todo o lodo das carnificinas
Eu, logo eu que só fito os Andes
Não há limites para mim
Que não fosse o poder que não tenho.
Afora tudo de perverso nada retenho.
De tudo, porém me nauseio,
Do prazer da vida do meio
Perseverar é minha sina
Pouco importa a rala fé
Toda desgraça
Análoga à desgraça da ruína
É o escravo em deleite nos grilhões.
Eu, logo eu que só fito os Andes.
-Abimael Oliveira
Tanto faz você
(fotografia: Mitchell Kanashkevich)
Com você eu não amei,Eu colecionei sentimentos!
Nunca te pedi pra ficar.
Já implorei teu amor,
Hoje tanto faz. Te quero e não te desejo.
Quem nunca joga, nunca perde.
Aprendi essa regra funesta.
- Abimael Oliveira
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Um dia de sol para mim
(fotografia: Rarindra Prakarsa)
Sinto que chovo para dentro
Engraçado, sempre fui feliz quando chovia
Mas isso era chuva do céu.
Faz frio agora,
É que parei por dentro
Estou molhado por dentro, e parei
Quando venta eu estremeço
D’onde vem este vento?
De certo são as asas de alguém
Sinto essa alguém no ar
Como a projetar-se, sem tocar-me
Seu hálito, seus dedos, seu todo...
E ainda estou só.
Ela envia seus pedaços pela brisa
Mas inútil, busco entr’estes
O que sei que nunca receberei
O coração, que em meus ouvidos tilinta.
- Abimael Oliveira
Sem inspiração
Parece que há arte na vida,
Em tudo há mais cor.
Não, acho que arte é muito.
Só drama. Pra quê tanto drama Deus meu?
Lá em cima
Já vai pela metade O grande ditador.
Cá pra trás vão começando Soldadinho de chumbo
Mas daqui só se pode ver bem pouquinho.
Ingresso barato dá nisso...
- Abimael Oliveira
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Velhos ares
(obra: Jacek Yerka)
Hoje despertei livre de um estado anterior de letargia
E pasmei com um mundo desconhecido, estranho:
coisas corrompidas e por corromper, puras ou por purificar;
brigavam na face enrugada da existência.
Eu vi a minha pessoa defender todos os lados;
brincava eu em todos os exércitos.
Poesia sim senhor
(obra: Jacek Yerka)
Poesia sim senhor
Me acomete a desgraça dos poetas,
Estou sendo simplista.
Resumindo sentimentos,
Quantificando emoções.
Até borracha já usei Deus meu!
Perco palavras, por conhecer outras.
“Eu te amo” vira Odisséia.
Começo a sentir a lógica do amor.
E toda ruína do poeta,
Também a glória de Eros,
Reside nisto: amar e ser amado.
- Abimael Oliveira
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Breve tratado sobre as musas II
(obra: Jacek Yerka)
Breve tratado sobre as musas II
O poeta é pólen
Ao sopro as musas...
Sem ironias, apenas musas.
O pagode no boteco 357 é musa,
A pomba no céu é musa,
Filme sem fim, livro in-literus...
A megera que não me ama...
Já começo a não gostar de musas
Tenho muitas.
E de carrasco me basta o coração.
- Abimael Oliveira
Um momento para contemplar a ruína
Queria chorar
Onde aquilo que
era belo se deixava contemplar
refervem sombras
ocultando mesmo a dor de agora.
A cotovia de meu
peito faz dueto com o corvo
Cantam odes às
paragens de outrora
Meus ouvidos
sorvem tanta tristeza em suas notas
Quanto amor havia
noutros lábios.
Devia chorar
Queria chorar
Por um momento
vislumbrei a efemeridade de nosso beijo:
aleatório entre
tantos adeuses e votos de sorte.
O momento perdeu
a virtude
Um beijo era o
amor sendo palpável.
Devia chorar
Queria chorar
Já não sei quando
as folhas deixaram de ser teus cabelos
Quando cada doce
flor não for teu hálito
Cada raio de sol
não for teus olhos
Devorando astros,
reduzindo minhas estrelas a pó.
Devia chorar
Queria chorar
Vou aguardar o
réquiem do meu amor.
As lágrimas que
decidam se fugirão dos olhos.
- Abimael Oliveira
- Abimael Oliveira
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