segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

17:30

(fotografia: Piotr Kowalik)

Chegou meu fim, vejam como é.
Veio algo que não sei o que é, ou o que quer,
me mostrou bonito em todas as línguas,
até as que não se usa, por falta de deferência;
flor de meu ventre, disseste onde pôr a luz
e tu mesma era a luz.
Oh! amiga, amante, volátil e morno é teu sangue,
quando à brisa se espalha sobre um labirinto branco.


Mãe de Eurípedes! Cede um buquê de palavra
por uma margarida de loucura.
Ai, minha insanidade não te basta?
Permite que minha coerência acaricie esta coisa,
só para que depois meu esquecimento me digira.


Minhas mãos tremem e a caneta fez borrões,
ofendeu a realeza da língua portuguesa.
Peço que não pesem esse desassossego de letrinhas
tão boazinhas, por que pra mim também foi um susto:
Eu mesmo era a palavra que escrevi



Abimael Oliveira


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