(fotografia: Under the Weather- Thomas Barbey)
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.
Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.
Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto,bem-amada,
porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.
XLV (Do livro Cem Sonetos de amor)
Pablo Neruda
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