quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O suspiro de um sonho

(fotografia: Piotr Kowalik)

Beijava todo o meu corpo, exceto a boca. Minha boca era algo como que sagrado, era imaculada. Seus beijos eram bem tratados, como um florista cuida de flores.
Foi embora. Foi assim, como quem diz até amanhã, ou até a próxima, na esperança de nunca se cruzar na rua. Eu fiquei. Não sei como, porque fiquei. Que eu sei?


Até minha saudade é diferente todo dia
Cada sol que bebo anoitece meus olhos
Meu semblante é penumbra sobre fuligem.
Peço que cante baixo a natureza, favor.
Os sonhos, que já não sonho, comprimem minha cabeça.
Eles berram de fora de mim: deixe-nos existir.


Ah, Deus, existir. Existir é só o que pedem.
Nem felicidade no fulgor da noite, nada.
Há de valer um sonho que nada quer?




Abimael Oliveira

domingo, 11 de dezembro de 2011

Com o vazio dela


(fotografia: José Luís Espada Feio)

Ei amor, já te contei a paixão de minha pena?
Louca de amores por ti, agora está de caso
Com um vento.
Ela jura que só sussurra teu nome
Em tom de oração
O vazio, o pranto, a solidão
Confesso que amo mais essa metáfora
que a mim mesmo
que a ti mesmo
que a teu rosto em meus sonhos, teu nome em meus lábios, chamando a todos por ti.

A um bom tempo te busco e pelo mesmo tempo não te encontro.
Em meu avesso, no fim de tudo, no começo!
Ó vento, devolvo a ti o sopro de minha vida,
levas como prova de meu amor, e entrega a minha querida
Diga a ela que já vou!
Pois de nada vale sofrer na vida, se não se pode morrer de amor.


Abimael Oliveira e Arlone Almeida