quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Do poeta sem palavra...




Ex-poeta

Que resta ao poeta,sem musas?
Seria como um poço seco,cheio só de pó?
Seu coração tornaria mais puro,
Ainda que duro,se nem sangue vertesse?

Que é aquela sombra disforme,
Errando à esmo sem nenhum porte?
-É o poeta,aquele que perdeu a palavra.
É como o lavrador ancião,que já não lavra.
Pobre criatura!Os ventos e cantos
Apura com fé,mas já lhe falta ternura.
Maltrata a soberania concedida,
Com versinho e rima comedida.
É um miserável pedinte entre homens,
Só o desprezo lhe tem em requinte

Onde está o abismo,que não te engole?
E o infinito do mar,ou mesmo sua prole,
Que suas palavras não dissolve?
Vai ao horizonte,e as trevas o envolvem.
Palavras que o mundo movem
Presas à caneta,longe do papel morrem.

(Abimael Oliveira- eu)

Taí uma das tragédias do poeta,perder a palavra.Quando as musas vão embora,levam seus versos,te deixam vazio,sem nada pra fazer com as mãos.

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