terça-feira, 23 de julho de 2013

26/04

Do silêncio eu fiz verso,
e a palavra gemia nesse escuro,
arranhava minha pele e meus dedos vaguearam
Vadiei pelo branco sem fim de uma página,
só pra ver se anjo, luz ou pérola
pegasse em minha mão e me fizesse dizer
coisas bonitas com o que queria dizer
Não veio, e ainda assim escrevo
O verso ainda vive e a poesia se faz sem mais que a gente lhe peça

Não há guia pra mim
Minha caneta te quer
e descreveria o banal e o divino de teus sorrisos,
esqueceria do erro de tua carne,
que carne somos já em erros.

Slava


A tinta tomou ar, quer voltar e dizer coisas que diria eu se amasse, sentisse ou pensasse algo mais que o sentir do outro que escreve, e ama, sente e pensa. Minha vida é a consciência disso. De haver essa consciência e eu ter aceitamento nela, vem a felicidade, e de pular de um outro a outro vem a loucura, o medo e me perco


Abimael Oliveira

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Não há um só lugar onde possa gritar.
O grito, como entidade, quer viver
ter consciência de si e de estar.
Consumiu todas as minhas vísceras
e agora bebe meu sangue, nutre-se.
Sinto meu corpo ou o mundo tremer ao redor
Desespero diz quem sou, me chama pelo nome
Eu choro, mas não minto mais.
Eu sou meu grito


Abimael Oliveira